Igreja recorda a instituição da Eucaristia e do sacerdócio, iniciando ciclo central do calendário católico
Lisboa, 09 abr 2020 (Ecclesia) – A Igreja Católica começa hoje a celebrar o Tríduo Pascal, ciclo central do calendário católico ligado à morte e ressurreição de Jesus Cristo, este ano com profundas mudanças por causa da pandemia de Covid-19.
As cerimônias de 2020 vão decorrer em vários países, como Portugal, sem a celebração comunitária da Missa, procissões e outras manifestações de devoção popular que marcam estes dias.
“As pessoas e famílias que não podem participar nas celebrações litúrgicas são convidadas a reunir-se em oração, em casa, ajudadas também pelos meios tecnológicos”, recomendou o Papa, este domingo, desde a Basílica de São Pedro, onde celebrou à porta fechada.
A suspensão das Missas comunitárias tem multiplicado, em Portugal, as celebrações com transmissão online,
Como a data da Páscoa não pode ser transferida, nos países afetados pela doença, onde estão previstas restrições aos encontros e movimentos de pessoas, os bispos e os sacerdotes celebram os ritos da Semana Santa sem a participação do povo e em local adequado, determina a Santa Sé.
Na maioria das dioceses portuguesas, foi adiada a Missa Crismal, na qual o clero se reúne em volta dos seus bispos numa celebração em que são abençoados os óleos dos catecúmenos e dos enfermos e consagrado o óleo do crisma, utilizados na celebração de vários sacramentos.
O portal de notícias do Vaticano sublinha que a Páscoa deste ano será inédita, mas recorda que “no passado já aconteceram situações semelhantes quando Papas e bispos promoveram medidas extraordinárias para evitar contágios”, destacando, em particular, os casos de Milão. no Natal de 1576, e de Roma, em 1656.
Queridos irmãos sacerdotes, fomos ungidos para ungir, para doar a nós mesmos. #RezemosJuntos hoje pedindo a humildade de custodiar esse dom da unção e implorar a misericórdia de Deus para as pessoas a nós confiadas e para o mundo inteiro. #QuintaFeiraSanta
O momento inicial do Tríduo Pascal, a Missa da Ceia do Senhor, com a instituição da Eucaristia, do sacerdócio e, habitualmente, o gesto do lava-pés, que este ano não se realiza; no final da Eucaristia, omite-se também a procissão e guarda-se o Santíssimo Sacramento no Sacrário.
Simbolicamente, o altar da celebração é desnudado, como sinal do despojamento e sofrimento do Cristo, sendo sugerido ainda que se cubram as cruzes da Igreja com um véu de cor vermelha ou roxa.
Após a Missa, só volta a existir celebração da Eucaristia na Vigília Pascal.
O Secretariado Nacional da Liturgia disponibilizou três esquemas para viver este tempo: “Na esperança que sustenta a casa“, da autoria do padre Carlos Aquino; “Para viver o Tríduo Pascal em família”, preparado pelo casal Fulvio e Anna Maria Mannoia; e “Celebrar em Família a Páscoa do Senhor”, do Departamento Litúrgico Nacional da Conferência Episcopal Italiana.
A Agência ECCLESIA apresenta, em cada dia, uma reflexão do cardeal D. José Tolentino Mendonça, arquivista e bibliotecário da Santa Sé, sobre o itinerário da Semana Santa na relação com o contexto de pandemia.O Departamento da Liturgia do Patriarcado de Lisboa elaborou 12 sugestões, dirigidas às famílias, para assegurar a melhor participação das celebrações da Semana Santa que são transmitidas pelos meios de comunicação social e pelas redes sociais.
Vários bispos têm deixado sugestões de “sinais” para esta semana, como colocar uma Cruz à porta de Casa ou, na Quinta-feira Santa, fazer o jantar com a mesa bem enfeitada e a evocação da última ceia de Jesus com orações e leituras.
OC